Margens
Ausentes
Saí do sossego das tuas margens,
Mas não sei alcançar o oceano;
Não ouso arriscar-me em viagens,
Não saberia lidar com tal engano.
A nossa vida era um remanso
Que deu lugar a águas agitadas,
Era uma correnteza de que não me canso
Porque havia sempre águas animadas.
Havia nas margens do nosso rio
Jardins viçosos e almas floridas;
Margens que a vida destruiu,
Deixando apenas arenosas despedidas.
Possa esse rio alcançar o mar,
Levando com ele o que não soubemos amar.
MARIANO MENDONÇA LOPES