sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Poema - Às vezes sinto o vento passar no rosto

  

Às vezes sinto o vento passar no rosto.

 

E pelo facto de o sentir,

Fico com a impressão

De que viver

É um mero ato fortuito,

E que é apenas e tão só um sopro

Que a vida nos faz sentir muito

Quando o vento nos bate no rosto.

 

MARIANO MENDONÇA LOPES

sábado, 5 de agosto de 2023

Poema - Toda a mudança traz na alma

  

Toda a mudança traz na alma

A dor da transformação.

Aquilo que agora me acalma

Já foi antes dolorosa perturbação.

 

A mudança é um perpétuo movimento

Que vibra em todas as direções,

Não cessa um só momento,

Replicando em inúmeras sensações.

 

Tudo na vida se faz de mudança;

Necessário é se acostumar à ideia,

Agindo sempre com perseverança.

 

Na vida, toda a mudança desencadeia

Um novo fôlego de esperança,

Sonhos com que a vida nos presenteia.

 

MARIANO MENDONÇA LOPES

Poema - Multiverso

Multiverso

 

Mergulho em tuas águas

Para acalentar o meu espírito;

Vivo no sobressalto das ideias,

É em ti que busco a calmara

Dos pensamentos absurdos.

 

Há em mim o desejo absoluto

De me inventar do nada

Num Big-Bang hermenêutico.

 

No refúgio das tuas águas celestiais,

Alivio a minha tormenta;

A solidão é outra forma de companhia

Que se ausenta do mundo.

 

Mergulho em tuas águas

Para cumprir o meu destino

Que me foi dado em outras dimensões.

Há em mim o silêncio sideral

De um vácuo absoluto

Mergulhado no som atemporal.

 

E assim permaneço

Até despertar a consciência.

 

Sou o conjunto de planos dimensionais

Que mergulharam no meu ser.

 

Ergo-me da poeira cósmica

Para partir, rumo ao amanhã

Que já me antecedeu.

 

Reescrevo-me em cada linha do Universo.

 

Faço de mim a imaginação

Que há no porvir

Para me reinventar em qualquer momento

E viver a plenitude do meu tempo.

 

O meu Tempo tem muitos tempos;

Mergulho em tuas águas

Para criar o tempo que me resta

E partir, assim, para o próximo Tempo.

 

MARIANO MENDONÇA LOPES

Poema - Peregrinações

Peregrinações

 

Hoje eu fico aqui sentado

Vendo o tempo que flutua

E sofro, o coração apertado,

Por encarar a verdade crua.

 

E hoje eu me lembro de ti

Aturdido nos pensamentos,

De como eu sempre vivi

intensamente os nossos momentos.

 

E lembro, como não lembraria,

A felicidade que eu construí

Contigo a vida era só poesia

Que, estupidamente, destruí.

 

Por tudo aquilo que passamos

Eu não poderia deixar-te partir

E entre tudo o que sonhamos

Tu foste o meu outro existir.

 

Estavas sempre deslumbrante

nos lugares aonde íamos,

eu te admirava, extasiante,

pelo amor que dividíamos.

 

Em suaves contornos sensuais,

O teu corpo era a pura expressão

De desejos e vontades carnais

De uma irresistível tentação.

 

Estavas sempre tão bela e irradiante,

Os olhares dos homens te iluminavam,

E ficavas ainda mais vibrante

Porque as mulheres te invejavam.

 

Hoje eu fico aqui parado

Escutando as lágrimas caírem

E me vejo simplesmente acabado

À espera dos dias partirem.

 

Lembrando como encantavas

Em todos os ambientes

E de como um dia sonhavas

Viajar para mundos diferentes.

 

De como brilhavas e seduzias,

A tua presença era pura sedução

Na minha cabeça, mil fantasias,

Porque só tu ousavas tanta emoção.

 

E me lembro dos dias apaixonados

Que teimavam em se repetir

E de como vivíamos sempre agarrados

Sonhando alegres um eterno porvir.

 

De como nos completávamos,

Almas gêmeas, jantar a dois,

Entre mundos imensos sonhávamos

um futuro eterno sem ‘depois’.

 

Selávamos com beijos juras d’amor

Que hoje são apenas recordações

desse tempo de inesgotável vigor

De vividas e eternas Peregrinações.

 

MARIANO MENDONÇA LOPES