O que eu vi em 2020...
2020 foi o ano em que as ruas do mundo
ficaram desertas, mas onde as casas se encheram de solidariedade. Foi o ano em
que percebemos que os profissionais de saúde, de limpeza e os professores valiam
mais do que artistas, apresentadores de TV ou jogadores. Onde as mãos que curam
valem mais do que as mãos que oram nos templos frios de palavras vazias sem
empatia nem solidariedade. 2020 foi o ano em que percebemos a duras penas que
estar vivo é muito mais valioso do que aquela promoção pela qual tanto lutámos,
o emprego que ferozmente ambicionámos ou o carro dos nossos sonhos e da nossa
vida; foi o ano em que constatámos que o mais valioso bem material, a palavra
espiritual mais caridosa ou o feito mais avançado de tecnologia nada valem
quando comparados ao simples ato de respirar, de estar vivo. Precisamos apenas
da solidariedade, de empatia e de fé para acreditarmos num mundo melhor onde
nós somos os nossos melhores valores, sem querelas políticas. 2020 foi o ano
que nos fez acreditar que o simples ato de respirar é uma felicidade que o
Universo nos concede para refletirmos que legado queremos deixar aos nossos
filhos. Para alguns, 2020 pode ter sido deveras o primeiro ano da Era de
Aquário, pode ter sido o primeiro de muitos anos que nos farão refletir acerca
do verdadeiro significado da vida. Seguramente, o ano de 2020 terá sido o derradeiro
ano da nossa cupidez materialista, do nosso egoísmo tecnológico, das nossas
vaidades niilistas. Gaia, o Planeta Terra, deixa-nos uma forte mensagem:
estaremos condenados à extinção da raça humana se nada fizermos pelo planeta. O
ano de 2020 foi o ano em que percebemos, se fosse assim tão necessário, que não
somos fortes nem invencíveis, que não somos eternos e, principalmente, não somos
os melhores em nada. Somos apenas meros mortais, sem importância nem distinção social.
Não temos raça, não temos credo, não temos riqueza nem poderio tecnológico outro
que nos diferencie uns dos outros. 2020 foi o ano que nos ensinou que somos
apenas seres humanos, e só isso: 2020 enterrou a nossa soberba e exumou a nossa
fragilidade...
Mariano Mendonça Lopes
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