sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Crônica - O que eu vi em 2020...

 O que eu vi em 2020...

 

2020 foi o ano em que as ruas do mundo ficaram desertas, mas onde as casas se encheram de solidariedade. Foi o ano em que percebemos que os profissionais de saúde, de limpeza e os professores valiam mais do que artistas, apresentadores de TV ou jogadores. Onde as mãos que curam valem mais do que as mãos que oram nos templos frios de palavras vazias sem empatia nem solidariedade. 2020 foi o ano em que percebemos a duras penas que estar vivo é muito mais valioso do que aquela promoção pela qual tanto lutámos, o emprego que ferozmente ambicionámos ou o carro dos nossos sonhos e da nossa vida; foi o ano em que constatámos que o mais valioso bem material, a palavra espiritual mais caridosa ou o feito mais avançado de tecnologia nada valem quando comparados ao simples ato de respirar, de estar vivo. Precisamos apenas da solidariedade, de empatia e de fé para acreditarmos num mundo melhor onde nós somos os nossos melhores valores, sem querelas políticas. 2020 foi o ano que nos fez acreditar que o simples ato de respirar é uma felicidade que o Universo nos concede para refletirmos que legado queremos deixar aos nossos filhos. Para alguns, 2020 pode ter sido deveras o primeiro ano da Era de Aquário, pode ter sido o primeiro de muitos anos que nos farão refletir acerca do verdadeiro significado da vida. Seguramente, o ano de 2020 terá sido o derradeiro ano da nossa cupidez materialista, do nosso egoísmo tecnológico, das nossas vaidades niilistas. Gaia, o Planeta Terra, deixa-nos uma forte mensagem: estaremos condenados à extinção da raça humana se nada fizermos pelo planeta. O ano de 2020 foi o ano em que percebemos, se fosse assim tão necessário, que não somos fortes nem invencíveis, que não somos eternos e, principalmente, não somos os melhores em nada. Somos apenas meros mortais, sem importância nem distinção social. Não temos raça, não temos credo, não temos riqueza nem poderio tecnológico outro que nos diferencie uns dos outros. 2020 foi o ano que nos ensinou que somos apenas seres humanos, e só isso: 2020 enterrou a nossa soberba e exumou a nossa fragilidade...

 

Mariano Mendonça Lopes

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário!