O
meu imenso oceano
É
um rio com margens estreitas
Como
as pulsações dum mesmo povo.
O
meu oceano é um rio lusitano
Em
cujas margens se fala português,
Feito
de águas passadas, corrente de futuro.
O
meu oceano é um mar de História,
Navega-se
impressões oceânicas de dor,
Mergulha-se
maresias de compreensão,
Parece
que é tudo ondas de sabedoria,
Riachos
de acontecimentos já muito vividos
Em
profundezas abissais de mútuas desconfianças.
O
meu oceano é um mar interior,
Inteiramente
fechado pela alegria do povo
Que
nele circula com o saber e a devoção
De
transportar História, riquezas, vida,
Transportando
contudo a incompreensão
De
quem não soube pesar as caravelas,
De
quem não soube contar os escravos
Ou
as largas pepitas de ouro
Ou
as madeiras exóticas da floresta
Ou
ainda a cultura e os monumentos,
Os
homens, as mulheres e as crianças
Que
são a água e são a vida deste rio.
O
meu oceano é um rio imenso de vida,
Soberano
nas decisões, no presente e no futuro.
Mas
continua a ser o mesmo rio
Em
cujas margens se inventou uma nova era,
Em
cujas águas se navegou o destino,
Em
cujo sal se chorou o mundo.
MARIANO MENDONÇA LOPES [Excerto do livro Peregrinações]