sábado, 5 de agosto de 2023

Poema - Peregrinações

Peregrinações

 

Hoje eu fico aqui sentado

Vendo o tempo que flutua

E sofro, o coração apertado,

Por encarar a verdade crua.

 

E hoje eu me lembro de ti

Aturdido nos pensamentos,

De como eu sempre vivi

intensamente os nossos momentos.

 

E lembro, como não lembraria,

A felicidade que eu construí

Contigo a vida era só poesia

Que, estupidamente, destruí.

 

Por tudo aquilo que passamos

Eu não poderia deixar-te partir

E entre tudo o que sonhamos

Tu foste o meu outro existir.

 

Estavas sempre deslumbrante

nos lugares aonde íamos,

eu te admirava, extasiante,

pelo amor que dividíamos.

 

Em suaves contornos sensuais,

O teu corpo era a pura expressão

De desejos e vontades carnais

De uma irresistível tentação.

 

Estavas sempre tão bela e irradiante,

Os olhares dos homens te iluminavam,

E ficavas ainda mais vibrante

Porque as mulheres te invejavam.

 

Hoje eu fico aqui parado

Escutando as lágrimas caírem

E me vejo simplesmente acabado

À espera dos dias partirem.

 

Lembrando como encantavas

Em todos os ambientes

E de como um dia sonhavas

Viajar para mundos diferentes.

 

De como brilhavas e seduzias,

A tua presença era pura sedução

Na minha cabeça, mil fantasias,

Porque só tu ousavas tanta emoção.

 

E me lembro dos dias apaixonados

Que teimavam em se repetir

E de como vivíamos sempre agarrados

Sonhando alegres um eterno porvir.

 

De como nos completávamos,

Almas gêmeas, jantar a dois,

Entre mundos imensos sonhávamos

um futuro eterno sem ‘depois’.

 

Selávamos com beijos juras d’amor

Que hoje são apenas recordações

desse tempo de inesgotável vigor

De vividas e eternas Peregrinações.

 

MARIANO MENDONÇA LOPES

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