domingo, 8 de outubro de 2023

Poema - Andorinhas

  

Andorinhas

 

Da janela do meu destino

Eu vejo andorinhas

Que não me trazem o Verão.

 

Vejo como vêm vindo,

Parecem perdidas, sozinhas,

Enfrentando juntas a solidão.

 

Da porta do meu passado,

Emergem sombras ocultas

Pelas memórias esquecidas.

 

No alpendre da vida, tudo acabado,

Saudades há e são muitas,

Dispersas ao longo da vida.

 

No telhado onde me encontro

Observo as estrelas, extasiado,

Como se quisesse chegar até elas.

 

Mas o destino com que me confronto

É um caminho sem rumo apagado

Onde se fecharam as janelas.

 

Mas alguma coisa acontece

Quando eu busco esse caminho

Nessa casa abandonada;

 

O destino em mim resplandece,

Não me sinto mais sozinho

E até enxergo melhor a estrada.

 

As andorinhas partiram em debandada.

Portas e janelas se fecharam

Em busca da minha liberdade.

 

O que fica da minha vida é o nada

De tantas vidas que se passaram

E o meu destino é a saudade.

 

As andorinhas vão em busca da vida,

Enquanto eu espero a morte

Neste alpendre abandonado;

 

O destino já me deixou de guarida

Aguardando a derradeira sorte

Que o destino traz em seu chamado.

 

MARIANO MENDONÇA LOPES

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