Andorinhas
Da janela do meu destino
Eu vejo andorinhas
Que não me trazem o Verão.
Vejo como vêm vindo,
Parecem perdidas, sozinhas,
Enfrentando juntas a solidão.
Da porta do meu passado,
Emergem sombras ocultas
Pelas memórias esquecidas.
No alpendre da vida, tudo acabado,
Saudades há e são muitas,
Dispersas ao longo da vida.
No telhado onde me encontro
Observo as estrelas, extasiado,
Como se quisesse chegar até elas.
Mas o destino com que me confronto
É um caminho sem rumo apagado
Onde se fecharam as janelas.
Mas alguma coisa acontece
Quando eu busco esse caminho
Nessa casa abandonada;
O destino em mim resplandece,
Não me sinto mais sozinho
E até enxergo melhor a estrada.
As andorinhas partiram em debandada.
Portas e janelas se fecharam
Em busca da minha liberdade.
O que fica da minha vida é o nada
De tantas vidas que se passaram
E o meu destino é a saudade.
As andorinhas vão em busca da vida,
Enquanto eu espero a morte
Neste alpendre abandonado;
O destino já me deixou de guarida
Aguardando a derradeira sorte
Que o destino traz em seu chamado.
MARIANO MENDONÇA LOPES
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