Rumo à Fortaleza
Quisera
eu morrer neste dia,
Para
renascer um dia depois.
Para
a vida ser uma passagem...
Sabes,
o tempo morreu...
As
aves debandaram,
O
céu escureceu.
O
cheiro da roça e da senzala,
O
vento levou.
O
ambiente do mar, a cor da impala,
Tudo
se apagou.
Quisera
eu dormir
Neste
dia ruim
Só
para poder fluir,
Só
para conseguir um fim.
Tudo
isso é dor, me dá dó,
As
lembranças de ser criança,
Quando
brincava com a minha avó,
Quando
ainda tinha esperança.
Quando
tudo era felicidade,
Existir
em tenra idade.
Tudo
era vida, liberdade,
Tudo
era brincadeira ao fim da tarde.
Quisera
eu dormir neste dia,
Para
não ter que acordar,
Mais
tarde.
E
as impressões que trago na vida
Falam
de cor, falam de beleza,
Falam
de uma alegria bem vivida,
Do
Porto, da Ilha e da Fortaleza.
Tudo
isso passou e não tem idade.
Tudo
isso é dor para mim.
Em
tempos, conheci a liberdade,
Mas
hoje tudo chegou ao fim.
De
lá para cá, só a dor,
Só
a ausência, só a tormenta
Têm
ocupado o lugar do amor,
Do
riso que não mais se experimenta.
Hoje,
trago na alma fragmentos
Do
que fui em tenra idade;
Lembro
de todos esses momentos
Em
que viver era felicidade.
Hoje,
sou resquícios do que fui;
Hoje,
sou apenas pálida imagem.
Mas
tudo na vida flui.
Tudo
na vida é uma passagem...
[26.08.1974]
MARIANO
MENDONÇA LOPES
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