domingo, 22 de setembro de 2024

Poema - Incontidos Desejos

 

Incontidos desejos,

Augusta paixão

Em versos altaneiros

De uma obsessiva sedução.

 

Impulsos derradeiros

De uma arrebatadora emoção,

Faço em mim verdadeiros

O sonho ou a elucubração

 

Que é viver em perpétuo sentimento

De uma vida que beira a realidade,

Mas não passa de um mero momento,

 

Do êxtase da efemeridade.

E sonho que não existe em mim o Tempo,

Que sou apenas abstrata felicidade.

 

MARIANO MENDONÇA LOPES

 

domingo, 25 de agosto de 2024

Poema - Desencarne

Desencarne

 

Nas margens do meu tempo,

As ilusões vagam,

Libertas de qualquer obrigação,

 

Sem estarem sujeitas a qualquer contratempo

Que porventura tragam

A essa sua condição.

 

Há dimensões que não se alcançam

Senão pelo sonho ou pelo desencarne;

Há noites que não viram dia.

 

Sonhos são almas que se amansam

No travo violento da tempestade

Que o viver traz e agonia.

 

Nas margens da minha existência,

Há sonhos que divagam

As marcas do meu ser;

 

Vivo com a absoluta consciência

De que as experiências marcam

O que em outra vida eu vou ser.

 

MARIANO MENDONÇA LOPES

domingo, 18 de agosto de 2024

Crônica - 1994-2024 - Reflexões sobre uma vida no Brsil

 1994-2024 – Reflexões sobre uma vida no Brasil

 

Foi em 1994 que eu decidi morar no Brasil (com uma breve pausa em 1995 em Portugal), mais particularmente, na deslumbrante e sempre cativante cidade do Recife. “Decidi” não é a palavra que melhor descreve os meus sentimentos de outrora; eu apenas pretendia passar alguns anos aqui, desfrutando os conhecimentos do meu Bacharelato em Turismo conquistado pouco tempo antes, antes de rumar para outros destinos ensolarados espalhados mundo afora. Mas não foi isso que aconteceu, a vida sempre se escreveu certa para mim por linhas incertas. Eu era um jovem sonhador, prenhe de ideias e projetos de mudar a minha vida e que, aos poucos, acabei realizando, num cunho pessoal de realização pessoal e profissional. Conquistei tudo o que eu queria, cheguei mais além do que sonhei e obtive da vida mais do que eu havia pedido.

 

O Recife que eu conheci era alegre e espontâneo, respirava alegria que a todos contagiava, principalmente os turistas loucos por esse frenesim, pelo frevo e maracatu, pelo coco gelado e doce na beira-mar, pela brisa quente que respirava tropicalidade no final da tarde, pelo gingado e malemolência das pernambucanas; havia (muita) pobreza e prédios degradados, sim havia, mas havia alegria e festa. Havia o Carnaval em Boa Viagem e Olinda, mas também o ReciFolia em outubro. Recife era festa e alegria o ano inteiro e viver no Recife era experimentar a sempiterna sensação de felicidade, a festa da vida.

 

Os domingos eram inevitavelmente “recheados” com programas televisivos que os brasileiros assistiam ávida e compulsivamente; Hebe Camargo, Jô Soares, Gugu Liberato, o Fantástico e, o maior de todos, Sílvio Santos que agora se despediu de nós. E havia Senna para alegrar dominicalmente o coração dos brasileiros. Nem vou falar da seleção brasileira...

 

O tempo foi passando, indelével e inexoravelmente. Não vejo mais a alegria espontânea na capital de Pernambuco, como também não encontro mais essa ávida sensação de viver a vida de uma forma impensada, livre e absoluta. Percebo que as pessoas hoje carregam em seu semblante sisudo uma preocupação que antes era latente, mas hoje evidente; o churrasco do final de semana era garantido, independentemente da condição financeira, assim como a confraternização, a conversa demorada sobre banalidades. E, ao cabo de 30 anos (sim, trinta anos) me apercebo que o mundo mudou muito, muito mesmo, mas que as gerações atuais, como as das minhas filhas, não dispõem mais de uma referência válida para perceber essa transição e refletir em como isso afeta as suas vidas. E isso é preocupante porque as pessoas não conseguem aferir de uma forma exata a evolução e a transformação da Humanidade. O ataque às Torres Gêmeas em 2001, a crise financeira de 2008 e, mais recentemente, a pandemia e o confinamento ditaram rumos inquisitoriais a uma Humanidade que antes ainda desfrutava dos primores ressurgidos dos anos 60 e 70, a despeito de todas as calamidades e catástrofes. O mundo de hoje cristalizou ideias e pensamentos, não abundam mais, por exemplo, os ideais hippies da época em que eu nasci nem as extrovertidas realidades dos anos 80, saídas de uma Guerra Fria então sanada com o fim da União Soviética. O mundo transita de uma forma insensata para uma ditadura global de costumes e pensamentos medievais. As pessoas carregam traumas e disforias, discursos solilóquios em perturbantes estados de insatisfação e frustração e as sociedades se tornam cobertas de retalhos psicóticos que impedem o individuo de enxergar a sua própria individualidade e criatividade, preso a um contexto global de opressão moral e ideológica; é a realidade de “1984” de George Orwell e de “Farenheit 451” de Ray Bradbury posta em prática.

 

Quando eu nasci, o mundo estava dividido em dois blocos, o Ocidente ou NATO (OTAN) e o Pacto de Varsóvia liderado pela então União Soviética, fruto de dois devastadores conflitos bélicos que para sempre redefiniram a Humanidade. Mas havia uma liberdade de pensamento e de crítica epistemológica e existencial que não havia sido ainda contagiada pela Internet, pela Inteligência Artificial nem tampouco pelas fake news; com o tempo, a História encarregou-se de demonstrar qual lado era mais livre e democrático, e foi nessa década de 90 que, sob os auspícios de uma emergente felicidade global pós Guerra Fria, eu cheguei ao Recife, jovem sonhador.

 

Ao cabo de quase seis décadas de vida (como o tempo passa...), ainda sou aquele jovem sonhador, prenhe de ideias e projetos pessoais e profissionais. Enquanto vivo eu for, manterei vividamente acesa a chama da vida porque eu adoro viver. Mas me preocupo com o mundo que deixarei para as minhas filhas quando eu partir. Não será infelizmente o mesmo mundo que me acolheu naquele “Verão do amor” em que cheguei a este planeta em 1967. Também percebo que não existem mais as referências que eu tinha do mundo e que me fizeram crescer de forma holística; os meus heróis foram morrendo, não de overdose, mas de uma existência brilhante e pautada pelo exemplo. As referências mediáticas que eu tinha também não lograram ser substituídas a contento. Enfim, sinto que o mundo hoje não está melhor, apenas diferente. A quem bradarão os sinos, por quais ideais e conceitos viveremos então? Às vezes, eu queria voltar no tempo...

 

MARIANO MENDONÇA LOPES

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Poesia: Impressões do Mar - divulgação

 Impressões do Mar

Gênero: Poesia

Poesia e prosa poética


O que pode unir três locais tão díspares como Recife, Lisboa e Luanda, triângulo insinuante que interliga três continentes, três realidades tão distintas entre si? Que impressões se estabelecem no íntimo e na visão de quem as viveu de forma tão intensa?

 

Em Impressões do Mar, o autor fala-nos da sua visão do mar, descrevendo em Mar de Fora as suas experiências objetivas, como sua vida à beira-mar, em mergulhos e passeios de cruzeiros, ao mesmo tempo em que faz uma viagem introspectiva em Mar de Dentro, narrando as suas impressões, anseios e perspectivas moldadas pela presença do mar na sua vida.

 

                         

                                                                

Adquira o meu livro Impressões do Mar, clicando nos links das editoras:

 

Clube do Autor:

https://clubedeautores.com.br/livro/impressoes-do-mar

 

Amazon:

https://www.amazon.com.br/s?k=9786550410124

 

Dedico este livro à minha mulher Karina, a eterna companheira da minha vida e inspiradora dos meus pensamentos, porque a cumplicidade dos sentimentos é o fermento do amor.

Romance: As Faces de Maya - divulgação

 AS FACES DE MAYA

Gênero: Romance

Tema: Romance/Esotérico/História/Religião/Filosofia

 

SINOPSE

As Faces de Maya é uma obra de ficção, baseada em fatos históricos e geográficos majoritariamente reais, cujos capítulos se estruturam de acordo com a Árvore da Vida cabalística, abordando temas relacionados com a História, a Filosofia e a Religião. Maya é um conceito hinduísta que nos fala sobre a ilusão das coisas e de como podemos ter a percepção plena da realidade de acordo com o nosso entendimento e a nossa sensibilidade; em As Faces de Maya, as diversas experiências místicas vividas pelas personagens mostram que tudo na vida é uma ilusão, mas também uma digressão no plano espiritual e metafísico que leva a um autoconhecimento profundo de si mesmo e à percepção de que tudo se interliga no passado e no presente em permanente evolução espiritual.

 


Adquira o meu romance As Faces de Maya, clicando nos links das editoras:

 Amazon – 

https://www.amazon.com.br/dp/6500359615/ref=sr_1_2?m=A2S15SF5QO6JFU


UICLAP - https://loja.uiclap.com/titulo/ua13634

 

 

domingo, 21 de abril de 2024

Romance - As Faces de Maya

 AURA MÍSTICA

Questione sempre os seus conceitos, relativize as suas ideias. O mundo não é imutável nem está morto, não obedece a meras ideias mecânicas nem se restringe a propósitos deterministas. Tudo está interligado: eu, o planeta, o sistema solar, a galáxia, as constelações e o espaço profundo, a matéria cinzenta, o espaço-tempo...

Passado e futuro intercambiam auras de sentimentos no nosso corpo e na nossa mente, da mesma forma que despertam na alma novas formas de conhecimento, constantemente aprimoradas em função das experiências que vamos tendo, num perpétuo crescimento espiritual que se revigora nos ciclos da Samsara onde, através do conhecimento nos vamos livrando da dor, nos vamos libertando de tudo aquilo que nos prende à materialidade deste plano dimensional. A morte é apenas uma passagem para outros planos dimensionais onde disporemos da oportunidade de aprendermos a ser mais puros, a existirmos em mais plenitude com as leis cósmicas, elevando a nossa alma.


Ainda que mera embalagem corpórea e materializada nesta dimensão, o corpo é o veículo que permite que a nossa mente se comunique com a alma, e vice-versa, para que este intercâmbio de conhecimentos e de sensações seja profícuo, seja intenso. Neste plano dimensional, o corpo é a nossa casa, o lar da alma; a nós nos compete deixá-lo arrumado e organizado, limpo e arejado como fazemos com a nossa casa, o nosso lar. Não sabemos que materialização corpórea, caso haja, existe em outros planos dimensionais. A alma faz uso de todas as formas de expressão corporal; por isso, para a aquisição dos conhecimentos que nos trarão a devida elevação espiritual, importa o exercício consciente e elevado de todos os sentidos, incluindo os sentidos ocultos e que só a mente nos permite atingir. O exercício de todos os sentidos em todas as expressões da vida é importante, é fundamental para se adquirir essa elevação espiritual, que não é só matéria, é também expressão sensorial para adquirirmos as experiências na vida que, positivas ou negativas, nos aportarão os devidos conhecimentos.

 

Não existem boas nem más experiências; existem experiências. Experiências que nos aportam conhecimentos que serão benéficos para a nossa elevação, ao passo que existem outros que não nos agregam a devida compreensão para as coisas do Universo. Como em nossas casas, vamos atualizando conhecimentos, trocando uns por outros mais avançados. Mas todas as experiências nos trazem conhecimentos que devemos compreender e assimilar, partindo do princípio que em tudo o que fazemos há uma verdade cósmica. Tudo o que fazemos, dizemos ou pensamos replica no Universo que nos retribui com maior intensidade. Todos os pensamentos que orbitarem em torno da elevação da nossa alma são pensamentos positivos; todos os pensamos que inculcarmos de forma perniciosa e danosa à nossa alma, são pensamentos negativos que devem ser substituídos por pensamentos positivos. Pensamentos não se apagam; simplesmente são substituídos por outros, como os móveis e objetos de decoração da nossa casa.

 

Não devemos nos negar a qualquer tipo de experiência nem enjeitar qualquer tipo de obtenção de conhecimentos, pois que isto, de alguma forma, nos eleva perpetuamente no plano da purificação espiritual. Além disso, a pureza espiritual passa invariavelmente pela limpeza material, já que o corpo enquanto lar da alma impõe também um comportamento material, portanto, precisamos adquirir hábitos que nos tragam a paz interior, a sensação de realização e o desejo de querermos saber mais. Isso é o estado de felicidade que, quando reverbera para o Universo, nos traz fluxos intensos e energéticos que revigoram o corpo e se transmitem à alma, elevando a nossa condição. A mente é o nosso portal de comunicação entre o corpo, o Universo e a alma; através da glândula pineal, se transmitem as experiências físicas e corpóreas à mente que, por sua vez, as replica ao Universo e à alma, num exercício etéreo da eternidade que nos vincula sempre ao Universo, o nosso pó cósmico de onde viemos e para onde voltaremos, porque também o nosso corpo é feito de matéria cósmica de antigas estrelas e planetas que nasceram, cresceram e morreram e cujas cinzas cósmicas se espalharam pelo Universo até chegarem a nós.

 

Só através da mente teremos a condição de interpretar os sentidos, as experiências e os conhecimentos então adquiridos. Assim, o que devemos é sempre ter em vista que as experiências que tivemos na existência ou que ainda viermos a ter são sempre movimentos energéticos de fluxo etéreo que o Universo nos manda, na justa e exata medida e proporção daquilo que os nossos sentimentos externarem nesse exato momento. A mudança que propomos na nossa existência começa invariavelmente por uma consciência interior de que somos mais do que efetivamente somos levados a crer que somos e de que devemos atualizar os nossos sentimentos para buscarmos obter essa mudança que só é alcançada através das experiências sensoriais, através das diferentes formas de percepção que temos ao longo da vida. Tudo é conhecimento ou forma de se atingir o conhecimento; o prazer físico é uma forma de conhecimento, porquanto nos permite, através das sensações, adquirir novos conceitos, novas ideias. O prazer adquirido através das sensações é uma importante via de acesso ao conhecimento e, por sua vez, à elevação espiritual que queremos para a nossa alma, o nosso verdadeiro Eu.

 

Algumas pessoas logram obter essa elevação em uma única existência, no mesmo plano dimensional; outras precisam de várias existências ou planos dimensionais para alcançarem o ciclo completo, a roda de Samsara, e se libertarem da dor, condição inevitável para elevar a alma ao nível do Nirvana. O que é importante é sempre lutarmos, jamais desistirmos, para que as experiências que tivermos ao longo da vida ajam sempre em prol da nossa aura mística com a qual nos comunicamos com o Universo.

 

A dor não é sempre física, também pode ser espiritual. Sempre que recusamos aprender, sempre que recusamos adquirir um conhecimento, forma-se um bloqueio espiritual que é uma forma de dor que vai nos acompanhar nesta e em outras existências. E toda a vez que exercemos uma postura negativa em relação a alguma forma de conhecimento, por mais ténue ou dúbia que seja, replicamos ao Universo essa forma de clausura interior e espiritual, o qual por sua vez reverbera sobre o plano do tempo-espaço, exercendo uma pressão sobre o mesmo de forma física. É então quando as coisas negativas acontecem com o nosso corpo, com o nosso ambiente, com as pessoas ao nosso redor.

 

MARIANO MENDONÇA LOPES [Excerto do meu romance, As Faces de Maya, publicado em 2022]

 

Poema - Dispo-me no tempo deserto

  

Dispo-me no tempo deserto

Com a roupa da minha vida.

Eu sou uma alma despida

Que caminha com passo incerto.

 

Caminho sem destino mas com vontade

Rumo a um futuro que desconheço.

Há um crepúsculo onde amanheço

Impressões de viver em liberdade.

 

Dizem-me as aves à minha volta

Que ainda dá tempo de partir,

Que a minha vida ainda está solta.

 

Sei lá, sinto que não dá mais,

Sinto que a minha vida se deixou consumir

Por um acúmulo de pensamentos sentimentais.

 

MARIANO MENDONÇA LOPES

segunda-feira, 8 de abril de 2024

Poema - Alma Minha


 Alma Minha

 

Tu és o silêncio do meu olhar,

Um olhar tão profundo

Que desconhece as palavras.

 

Tu és eu existir acordado

Num sono profundo de conhecimento.

Quando eu te olho, eu me vejo

Refletindo em mim essa alma

Que brota da consciência.

 

Sonho acordado a última alvorada

Em que serei uma nova vida.

Minha alma, minha alma,

Para onde vamos?...

 

Para onde partiremos depois,

Depois que eu devolver o corpo

À Terra que o viu nascer?...

 

Viajaremos juntos nessa jornada

De volta às estrelas

De onde viemos, um dia...

 

Partiremos no último trem da vida

Até que o Universo nos contemple.

 

MARIANO MENDONÇA LOPES

 

domingo, 3 de março de 2024

Poema - Noturno Silêncio

Noturno Silêncio

 

É no silêncio das palavras,

Daquilo que não foi dito,

Que eu escuto a tua voz

A murmurar os pensamentos

Que transbordam do coração.

 

No silêncio que fica entre nós

Há a percepção dos sentidos

Que nos faz amar.

Sem sentir, sem olhar...

 

E entre nós há um mundo

Que rodopia de ansiedade,

Como se o nosso amor

Fosse a batuta dos sentimentos

Que contagiam o mundo.

 

Foi só um instante em nossas vidas,

Mas o amor fez dele infinito

E imortal, nesta noite.

 

MARIANO MENDONÇA LOPES