CAIS DO
IMPÉRIO
Há
sentimentos estrangeiros
Se
jogando contra o cais
Lançando
promessas, soltando desejos
Como
quem inventa sonhos derradeiros
E
invoca vontades sobrenaturais
Com
orações mundanas, naturais festejos.
Há
impressões de vidas estrangeiras
Se
colorindo de ideias na Cidade
E,
quem diria, vencem e se vingam.
Como
quem ama, são almas brasileiras,
Movimentos
africanos, luzes sem idade,
Negócios
da China, que significam?
E,
como que juntos num só destino,
Fazem
de Lisboa um universo pequenino.
A
minha alma é um rosto tropical
Que
se desenha contra as palmeiras
Balançando
com saudade, com o ritmo sensual
E
a ginga sedutora das danças brasileiras.
Há
sentimentos meus que são humanos
E
há emoções minhas, deveras pessoais,
Que
brotam ao passear pelas ruas da Cidade;
Navegam
noutros mundos, exóticos oceanos
Que
trazem especiarias e o balanço dos coqueirais
Depositando
em mim o dom da ubiquidade.
Estou
em Lisboa, estou no Universo,
Não
tenho espaço, não tenho tempo.
Tenho
apenas o ritmo único do verso
E
a pulsação métrica deste sentimento.
E
no cais vivem arvorados
Pensamentos
distantes voltando agora,
Luzes
infinitas de muitos passados
Quando
a memória navegava outrora
Em
sentimentos estrangeiros ora ancorados.
MARIANO MENDONÇA LOPES [Extraído da minha obra, PEREGRINAÇÕES]
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário!