domingo, 4 de agosto de 2019

Poema - Impressão... O Sol Falece

IMPRESSÃO... O SOL FALECE
 
Sentem-se acordes distantes mas defronte
Da alma vivida e pulsante,
Centelha de vida, impressão cinzenta
Correndo no limiar do horizonte
Como quem sobe uma escada rolante
Para descobri-la parada e ferrugenta.
 
Sente-se que há algo de diferente
Que paira no ar, insólita aparição,
O sol é um vasto globo escarlate
Dançando o ritmo feérico e espectral
 
Que convulsa e embriaga esta gente,
Parece sonho, parece apenas alucinação
Quando no ritmo de fuga o dia parte
E lança línguas coloridas duma visão sobrenatural.
Ah, é esta beleza que inebria e esmaga
Com seu quê de belo e avassalador,
Esse gosto de sofrer, esse impulso de chorar,
Vive-se numa redoma, luz frenética e vaga,
Parece um qualquer surrealismo sonhador
Em que tudo ao redor morre ao contemplar.
 
Eu fico parado mas há quem continue
Como se não fosse nada, fosse tudo normal,
Como se aquilo existisse todos os dias.
Pode lá ser... Este rio, este azul que flui
E é uma massa corrente carpindo o memorial
Da cidade em perpétuo rosário de melancolias.
 
Impressão, tudo levita, tudo se emociona,
Parece que flutuamos no éter eterno
E este rio, estas pedras falam de coisas belas,
Coisas naturais quando a gente se apaixona.
E como nada sentir neste ambiente etéreo
Quando nos contemplam miríades de janelas...
 
Esta música que paira no ar,
Ah, esta melodia não se esquece.
Faz-me sofrer, faz-me sonhar
Como se fosse tudo ver e acreditar.
 
Impressão... O Sol falece.
 
MARIANO MENDONÇA LOPES [Extraído da minha obra, Peregrinações]

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