quinta-feira, 4 de julho de 2019

Poema - Rouxinol à Janela

Rouxinol à Janela
 
Há uma janela aberta de par em par
Por onde a luz entra à vontade,
Como se fosse um hino à liberdade
E que só a ela se deixa entrar.
 
Há uma janela aberta de par em par
Que traz algo que me ilumina,
Saber que não se aprende nem ensina
Mas que se tem por íntimo sonhar.
 
Vejo irromperem os raios de sol
Quais fúlgidas centelhas à janela
Onde ouço, como se fosse sentinela,
O canto majestoso do rouxinol.
 
Resgato os sonhos que deixei em criança
Numa perpétua viagem à imaginação
De um saber que não se tem nem noção
De imaginar o que não se alcança.
 
Um saber que não se acha nem procura
E que está no mais profundo ser,
Fonte em que eternamente se vem beber
O que há de mais puro na alma pura.
 
Um saber que nos anima e liberta
Como um raio de luz que dá vida
À vida que se encontra desprovida
E que só vive quando a janela aberta
 
Se abre deveras de par em par
Como um sonho lindo e perfeito
Onde vai repousar, no parapeito,
Um rouxinol que se põe a cantar.
 
Há uma janela aberta de par em par
Onde os sonhos fluem livremente,
Onde a vida existe simplesmente
Quando o rouxinol se põe a cantar.
 
A janela se abre à eternidade
Como um livro se revela ao mistério
E o sonho é um saber etéreo
Que desponta na liberdade.

 

MARIANO MENDONÇA LOPES

 

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