quinta-feira, 25 de julho de 2019

Poema - É na sombra do mar

 
É na sombra do mar
Que me deixo adormecer
Neste meu jeito de sonhar,
Ser a vida um leve entardecer.
 
É no sonho que eu acordo tarde
No segredo deixado da tempestade,
Na vela que singra, na vela que arde,
Meu corpo é um copo de saudade
 
Que se derrama pelo caminho
E vai, trôpego, tropeçando.
Ao mundo, abro os braços, sozinho,
Redimindo-me do que vou confessando.
 
É no rosto vazio que eu vou completar
A minha sede de viver e de cultura.
No mundo que é uma praia de sonhar,
Na maré vazia que se enche de secura.
 
É às falésias que me vou confessar,
Erros perdidos que a vida já esqueceu
Mas se fincam na alma, ah, eterno passar
Dos sentimentos que o tempo teceu.
E, porque não, morrer na onda do mar,
Marulhar, o murmúrio enfraqueceu.
Amar, o mundo fica só no olhar
Quando, no mar, o meu ego adormeceu.


MARIANO MENDONÇA LOPES 
[Poema extraído da minha obra, Impressões do Mar]

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